No compasso acelerado do coco, do forró e do samba nordestino, surgiu um artista que redefiniu os limites da música popular brasileira: Jackson do Pandeiro, o eterno Rei do Ritmo. Nascido como José Gomes Filho, em 31 de agosto de 1919, na cidade de Alagoa Grande, Paraíba, Jackson transformou sua paixão pela percussão em um legado imortal.
Da infância humilde ao estrelato nacional
Filho de Flora Mourão, uma cantadora de coco, Jackson cresceu envolto pelos sons da cultura popular nordestina. Ganhou seu primeiro pandeiro aos oito anos e, desde então, nunca mais largou o instrumento que o tornaria famoso. Após a morte do pai, mudou-se com a família para Campina Grande, onde começou a trabalhar como engraxate e ajudante de padaria, mas sempre com a música como horizonte
A ascensão do Rei do Ritmo
Nos anos 1940, Jackson se estabeleceu como músico em João Pessoa e depois em Recife, onde gravou seu primeiro grande sucesso: “Sebastiana”, em 1953. A música, com ritmo contagiante e letra divertida, conquistou o Brasil e abriu caminho para outros clássicos como “Chiclete com Banana”, “O Canto da Ema”, “Forró em Limoeiro” e “Xote de Copacabana”
Seu estilo era marcado por uma divisão rítmica vertiginosa, letras de métrica afiada e uma capacidade única de misturar gêneros como baião, xote, xaxado, coco, samba, frevo e marcha. Jackson não apenas cantava — ele interpretava com humor, malícia e uma musicalidade que encantava todas as gerações
Influência e reconhecimento
Jackson do Pandeiro influenciou profundamente a música brasileira. Artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Elba Ramalho, Alceu Valença e Zé Ramalho reconhecem sua importância na formação da MPB e do tropicalismo. Sua obra também ecoa no manguebeat, movimento que misturou ritmos tradicionais com rock e eletrônica nos anos 1990
Em 2025, sua obra foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Paraíba, reforçando seu papel como símbolo da identidade nordestina e brasileira
Banda CASACA DE COURO é uma homenagem ao Rei do Ritmo
A banda Casaca de Couro nasceu com o objetivo de homenagear Jackson do Pandeiro, ícone da música nordestina. Inspirada pelo estilo e pela diversidade rítmica do “Rei do Ritmo”, a banda revisita seus clássicos e cria composições autorais que mantêm viva a tradição do coco, baião e xote. Além dos shows, o grupo realiza ações culturais e educativas, promovendo o legado de Jackson e valorizando a identidade musical nordestina.
Um legado que resiste ao tempo
Jackson do Pandeiro faleceu em 10 de julho de 1982, em Brasília, vítima de embolia pulmonar e cerebral. Mas sua música permanece viva, tocada em festas juninas, rádios, palcos e corações. O Memorial Jackson do Pandeiro, localizado em Alagoa Grande, é um espaço dedicado à preservação de sua história e obra.






Ascom CASACA DE COURO