No coração do Nordeste brasileiro, entre feiras populares e festas de rua, nasceu um dos maiores nomes da música regional: Jacinto Silva, o alagoano que transformou o coco de roda em arte pulsante e sincopada. Com uma voz ágil e uma dicção impecável, ele encantou gerações e deixou um legado que ainda reverbera nos palcos e rádios do Brasil.

Da feira ao disco: uma trajetória de resistência cultural

Nascido em Belém de Alagoas, em 1933, Jacinto começou sua carreira cantando emboladas nas feiras locais. Aos 12 anos, já se apresentava em cabarés e rádios, mostrando um talento precoce para a rima rápida e o improviso. Em 1962, lançou seu primeiro disco, com o baião Justiça divina e a marcha de roda Bambuê bambuá, marcando o início de uma carreira fonográfica que somaria 24 LPs e dois CDs.

Jacinto Silva e Jackson do Pandeiro

O coco sincopado: inovação dentro da tradição

Jacinto Silva não apenas cantava coco — ele reinventava o gênero. Seu estilo, conhecido como coco sincopado, misturava a cadência tradicional com uma batida acelerada e uma pronúncia clara, mesmo em letras recheadas de trava-línguas. Essa habilidade lhe rendeu elogios de ninguém menos que Luiz Gonzaga, que o chamou de “cantador que canta rápido, mas com clareza”.

Influência e legado

A obra de Jacinto Silva influenciou artistas contemporâneos como Silvério Pessoa e o grupo Cascabulho, que resgataram e reinterpretaram suas músicas em projetos de valorização da cultura nordestina. Mesmo após sua morte, em 2001, em Caruaru (PE), sua música continua viva em festas de São João, rodas de coco e nas playlists de quem busca a essência da música popular brasileira.

Um patrimônio da música nordestina

Jacinto Silva é mais do que um nome na história da música — é um símbolo de resistência cultural, um artista que soube transformar o cotidiano em poesia ritmada, e que fez do coco uma linguagem universal. Sua obra permanece como um convite à dança, à celebração e ao orgulho das raízes nordestinas.

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Ascom CASACA DE COURO